Falta menos de um mês para um dos principais eventos de inovação e empreendedorismo em Energia e Sustentabilidade no Brasil. Com a promessa de expansão e perspectiva de formalização de novos negócios, o Energy Summit 2025 pretende reunir 15 mil participantes entre os dias 24 e 26 de junho na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. São esperadas mais de 4 mil empresas de todos os portes e um escalão diferenciado de palestrantes, com a presença de tomadores de decisão em suas corporações e no governo.
A edição desse ano amplia a participação internacional, trazendo o prêmio Nobel de 2007, Ratan Lau, referência mundial em ciência do solo; o canadense Vaclav Smil, autor favorito do Bill Gates; o vice-ministro de Energia da Ucrânia, Mykola Kolisnyk; o subsecretário de energia dos Estados Unidos, Joshua Volz; a CEO do The Engine, Katie Era, que é o fundo do MIT de investimento em hard techs com US$ 6 bilhões aplicados, além da CEO da Green Town Labs, Georgina Campbell Flatter, líder da maior incubadora de clean techs do mundo.
“O evento é muito focado em construir conexões, gerar negócios, oportunidades e novos projetos acadêmicos de pesquisa, além de investimentos críticos para desenvolver a cadeia da energia”, pontua o CEO do Energy Summit, Hudson Mendonça, em entrevista exclusiva ao CanalEnergia. Ele destaca que a visão dos Estados Unidos, China, Brasil, Finlândia e outros países que atuam como lideranças na transição energética, estarão representadas entre os sete palcos de conteúdo.
Entre os mais de 150 palestrantes confirmados pela curadoria do MIT Technology Review Brasil estão nomes brasileiros como de Celso Pansera, presidente da Finep; José Luis Gordon, diretor de indústria e inovação do BNDES; Ricardo Botelho, CEO do Grupo Energisa; Pedro Turqueto, CEO da Copa Energia; e Bruno Serapião, representando a Atvos, além de líderes da Stellantis e Equinix, uma das maiores implementadoras de data centers do mundo.
“Devemos fechar o line-up com cerca de 220 palestrantes oficiais nos palcos principais, num aumento significativo para a edição de 2024, que contou com 180”, salienta o executivo.
Com mais de 150 palestrantes confirmados, evento reunirá autoridades internacionais, acadêmicos, CEOs, representantes de governos, lideranças de startups, deep techs e centros de pesquisa (Energy Summit)
São três plenárias principais, duas com discussões mais estratégicas e uma nova com a proposição de debates mais técnicos. Estão programadas também iniciativas paralelas como o Electric Days, com test-drives de veículos elétricos e híbridos; a Oiweek, promovida pela 100 Open Startups, com foco em matchmaking entre corporações e startups; e o Science & Arts, que reunirá arte, ciência e música em uma proposta imersiva.
Haverá ainda o Festival Gastronomia, Tecnologia & ESG, com experiências gastronômicas pautadas por boas práticas ambientais; o Palco ESG, voltado a temas de diversidade, governança e impacto social; o Women in Energy, para mentoria e networking entre mulheres do setor; e o Favela Inova, programa de capacitação para empreendedores das favelas fluminenses. O evento também contará com ativações culturais, happy hours e o Energy Fusion Festival.
Na avaliação de Mendonça, a grande novidade desse ano para além das palestras e do conteúdo é a Working Village. A ideia surgiu a partir de um da edição ada e foi inspirada na experiência do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suiça, criando toda uma estrutura com estações de trabalho, entre cabines para conferências e salas de reuniões preparadas com TV, internet, como se os participantes estivessem em um escritório.
“As pessoas querem ficar mais tempo no evento, mas eventualmente não podem por ter um compromisso fora, ou alguma reunião”, conta o CEO, lembrando que debêntures milionárias foram fechadas dentro do evento em 2024, além de um projeto de lei e memorando para eólica offshore, e que a expectativa é de que esses movimentos se repitam em uma escala ainda maior. Também é previsto um Lounge especial, onde todos os CEOs, autoridades governamentais e palestrantes internacionais ficarão antes e depois dos seus painéis.

Fornecedores, data centers e mobilidade em foco
Além da percepção de uma demanda do público e dos participantes em ter um engajamento maior das empresas da cadeia de fornecimento para os grandes players de energia, Mendonça ressalta dois segmentos e assuntos críticos entre um público novo que deve ganhar destaque: Tecnologia da Informação e Data Centers, impulsionadas pelo crescimento da inteligência artificial e demanda por energia; e o setor de Automobilístico, com discussões sobre veículos elétricos, híbridos ou movidos à etanol e hidrogênio.
“Na mobilidade também entra a parte de transporte pesado, com os esforços de descarbonização do setor aéreo e marítimo”, acrescenta, lembrando que 90% da carga mundial é transportada pelos oceanos. Outros destaques em pauta são os avanços envolvendo as fontes eólica, solar, bionenergia e o hidrogênio como vetor energético, assim como os esforços de descarbonização da indústria de óleo e gás.
“Na discussão da transição energética existe o viés natural de falar das renováveis. Mas é preciso pensar em eficiência desde a bomba de combustível através de aditivos e até do próprio processo de exploração e produção do petróleo”, comenta Hudson.
No trecho da entrevista em vídeo a seguir, o CEO do Energy Summit avalia os principais desafios em termos do Brasil aproveitar a inovação que é estudada e pesquisada para ser efetivamente aplicada em desenvolvimento, inovação e sustentabilidade do processo de transição da matriz fóssil. E como o evento se propõe a ser um catalisador para a conexão de todos os agentes para execução das novas tecnologias, citando exemplos da edição de 2024 e afirmando que o Rio de Janeiro vem evoluindo na concepção de se tornar a capital da energia mundial para além do setor de óleo e gás.
Questionado sobre quais outras cidades ou regiões no mundo estão tentando buscar algo semelhante ao Rio em termos de energia e sustentabilidade, Mendonça destaca Copenhague, na Dinamarca, e os países nórdicos em geral buscando muito esse posicionamento. Sobretudo a Finlândia, que lidera boa parte dos rankings de cleantechs. “São grandes candidatos, mas com condições físicas e geográficas que dificilmente irão conseguir competir com o Brasil em termos estruturais”, avalia.
Entre as cidades, além de Estocolmo, na Suécia, ele destaca que Houston, nos Estados Unidos, vem tendo essa prioridade de buscar se posicionar como capital mundial de transição energética, com características parecidas com o RJ, de ter uma indústria de óleo e gás forte, mas que terá mais dificuldades para migração para uma matriz mais limpa. Já numa visão de país, a análise é de que o Brasil tem uma oportunidade única, diante de um ambiente bipolar entre Estados Unidos e China, de ser o grande fiel da balança dentro dessa discussão internacional sobre o papel de energia.
Sobre os avanços e recuos das dez megatendências tecnológicas mapeadas no Energy Summit 2024, como geração distribuída, H2V, armazenamento, entre outros, o executivo cita que a inteligência artificial e IoT (internet das coisas) tem tudo para ser amplificada e ter um foco maior no setor elétrico em 2025, assim como a demanda por energia dessas novas tecnologias. E que a discussão dos pequenos reatores nucleares e da fusão nuclear também segue em alta no mundo em sua avaliação, principalmente com o crescimento e envolvimento das big techs, mas com o debate ficando mais travado no Brasil devido à novela de Angra 3.
“A questão da mobilidade vai entrar com bastante força também, assim como a captura de carbono, ampliando o debate sobre a descarbonização da indústria de óleo e gás”, sinaliza, ponderando a forte participação de empresas chinesas no evento deste ano.
Por fim, o CanalEnergia pediu ao CEO a composição de uma lista com startups cuja atuação e planos são promissores para esse ano e para o futuro do setor elétrico e da transição para uma economia com baixa intensividade em carbono. Entre elas as brasileiras Protium Dynamics, com soluções de H2 para a transição energética, e a Voltpile, com baterias projetadas. No vídeo abaixo, que encerra esse texto, Hudson Mendonça cita e comenta um pouco das iniciativas da Provocative Science, Biomass Trust, Commonwealth Fusion Systems (com aporte da The Engine) e uma outra que será revelada no próprio Energy Summit 2025. Com o spoiler de que é sobre regeneração de energia a partir das ondas do ar.
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