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Em uma realidade ainda distante de acontecer, a implementação de aerogeradores no litoral brasileiro deve vir só no longo prazo e com outros objetivos para além da geração de energia. Essa é a projeção mais almejada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e que consta entre os cinco cenários do Plano Nacional de Energia 2055, que teve o primeiro caderno publicado em janeiro deste ano.

“Onde a eólica offshore vai brilhar é no prazo mais longo, sendo preciso perceber outros benefícios da fonte para além da geração de energia” comentou a analista de Pesquisa Energética da EPE, Amanda Vinhoza, durante palestra no Brazil Offshore Wind Summit, promovido pela Abeeólica e o Global Wind Energy Council (GWEC) nessa terça-feira, 10 de junho, no Rio de Janeiro.

Ela citou a possibilidade do desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos, indústria naval e que a tecnologia pode ser um vetor para outros mercados como do hidrogênio verde, que por sua vez poderá alavancar a economia verde e descarbonizar atividades de difícil abatimento de emissões de poluentes. Mas que no curto e médio prazo desafios de recurso ao sistema elétrico e custo acabam inviabilizando a fonte.

No modelo citado, o “Transição para Todos”, alguns fatores em análise são governança, financiamento, inovação, preço, capacidade produtiva, infraestrutura, com cada cenário tendo uma estrutura diferente para alcance dos objetivos.  “As premissas envolvem uma sociedade mais participativa, agenda climática alinhada ao desenvolvimento sustentável, foco em inovação, capacitação, financiamento e redução de desigualdade via consumo de energia”, complementa Amanda.

Analista da EPE destacou que metodologia que irá balizar definição do possível leilão de cessão de áreas para eólica offshore vai entrar em consulta pública em breve (Michele Lekan)

A analista destacou ainda ao CanalEnergia que o caderno envolvendo o grupo de trabalho dos modelos será publicado no segundo semestre, trazendo como novidade uma abordagem integrada com todos os setores da economia. E mostrando as oportunidades de descarbonização, onde ela vê a eólica offshore entrando como uma das opções no cardápio de tecnologias em competição. “O papel da EPE é trabalhar com dados, modelos, e oferecer subsídio técnico ao MME”, reforça a analista.

Outra novidade é que a metodologia que irá balizar a definição do eventual futuro leilão de cessão das áreas para exploração dos aerogeradores no litoral deverá ser colocada ainda em 2025 para consulta pública pela EPE. “Vejo o governo brasileiro muito alinhado, no contexto da COP 30, para a conservação e uso sustentável do oceano, um meio ambiente sensível, da economia azul”, conclui.

“Data Center não é demanda estruturante”

Para a diretora executiva do Instituto E+, Rosana Santos, o que falta para o advento da eólica offshore no país é uma sinalização clara de demanda estrutural, que deve vir com o desenvolvimento e crescimento continuado da economia, o que serve no momento para a eólica onshore também. “Data center não é demanda estruturante, é preciso uma política mais sólida de neoindustrialização verde”, pondera a executiva, que também participou do primeiro da tarde do evento.

Rosana ressalta que a demanda presente também está sendo atendida de forma ineficiente por conta de subsídios mal alocados, o que desotimiza essa questão o país, mas vê um fator que pode mudar o jogo: a mitigação das mudanças climáticas, com o Brasil virando um exportador de produtos.

Implementação de aerogeradores no litoral brasileiro só deve vir a partir de uma demanda estruturante e uma neoindustrialização do país (EPE)

“Se na COP 30 conseguirmos essa variável para ser estudada, de uma realocação das cadeias para perto de onde estão os recursos, teríamos um caminho aberto para criar demanda e a eólica offshore acontecer”, analisa, acrescentando que o país não possui espaço fiscal para financiar uma descarbonização por si só, pois não existe uma demanda interna que sustente esse progresso.

Ela vê o encontro climático global em Belém nesse ano com muitas discussões centradas em financiamento climático, com a filosofia orientadora podendo ser a que traga investimentos para locais que produzam energia com menos emissões. “Temos um potencial onshore enorme, mas não é todo ele que é de qualidade. Tem a parte maravilhosa, já sendo utilizada, o que não podemos é utilizar depois o ‘meião’ disso, que seria pior do que a eólica offshore”, aponta.

Por fim, a Rosana salientou um aprendizado que teve a partir de um estudo de Harvard, na qual economias que perdem muito sua complexidade e centram em exportar produtos de baixo processamento, acabam com uma renda média e concentrada. E que, nesse sentido, os aerogeradores em mar são o oposto, trazendo uma complexidade com capacidade de gerar uma cadeia de suprimentos desafiadora, o que ela vê como melhor para criação de empregos e intelecto no Brasil.

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